Na hora da morte, a corte da Igreja católica, em vez de se mostrar magnánima, compreensiva, apaziguadora, justa e maior - como deveria ser para com todos os filhos de Deus - mostrou o que faz dela um reino decadente e fracturante, 'despedindo-se' de Saramago com um sorriso jucoso e praticamente 'cuspindo-lhe na lápide'.
'No fim ganha quem ri melhor' e foi Saramago, numa guerra que nunca travou.
O que quis Saramago foi fazer pensar sobre a manipulação da fé e de Deus que as religiões fazem, distorcendo os valores humanos, da verdade, da compaixão, da partilha. Ele ri melhor porque a reacção do Vaticano à sua morte mostra quanta razão ele tinha afinal. Toda a razão.
Saramago nunca virou as costas a Deus, mas às religiões e ao Deus que eles apregoam, um Deus irado, caprichoso, vingativo, ditatorial, à imagem de certos homens, que assim o 'contruiram' para manipular as massas. A maior de todas preocupações de Saramago foi mostrar a verdade, através da suas obras, tão imaginativas quão cruas; uma preocupação em buscar no outro do verdadeiro 'Deus'; Deus é o outro, em Saramago, nada mais de acordo com a essência da fé humana.
A Igreja Portuguesa percebu isso e foi Maior na hora da sua despedida.
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